terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Habitar

O pássaro vai e vai
até desaparecer nas nuvens.

Observo bem a geometria das casas
grandes blocos abrigando famílias
Porta adentro, um universo inteiro
Quarto fechado - refúgio de amor
Numa sala de lágrimas, três fotografias.

Além da soleira todas as ruas se encontram
permeando a cidade.
De cidade em cidade: países, e o mundo.

Mas há os que vagam
só corpo recebendo a chuva.

Onde é a casa das nuvens? Dos riachos
fendendo a terra? Dos relampeios de música?
Por aí, por aí - vem dizer meu peito!
E quem é dono dos lotes? Das alamedas?
Campinas? Todos são, todos são - diz
meu coração! Mas quanto lutam os homens
pra inscreverem seus nomes em minas
vales e montes, pra se espalhar sobre
as matas como se fossem gigantes, grandes
porcos obesos necessitados de espaço!
Enquanto os demais, os de paz e palavra
sonham em vão com quintais
com jardinzinhos, varandas e o arvoredo
tranquilo para amarrar um balanço!

Vem morar comigo, aqui nos meus braços?
Mas ela queria alicerces!

Aceito o frio e a fumaça dos ônibus
Meus versos fazem êco no horizonte
cansei de escrever nas paredes de sombra

As pombas é que tem direito a esse lugar
repousando na varanda das árvores
aqui e ali
onde ninguém é proibido.

Nenhum comentário:

Postar um comentário