quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Luminário


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Se tem olhos, abra-os
nunca se sabe de onde vem a chuva
se do leste com o sol do vento antigo
se do oeste onde crescem laranjeiras
ou do sul onde os mares desnavegam
ou do norte feito punho de marreta
se tem olhos, veja
dentro da noite os espectros tem forma
são chapéus, são besouros diamantinos
são cinzeiros onde apagam super longos pensamentos
e um violão timbrando o belo ser desafino
pra enxergar foi querer
é de fora pra dentro, é dos olhos pra fora
e vai tudo dançando a retina explosiva
o neon da roseira, é natal em novembro
o amigo distante ao sentar-se na mesa
e comermos o pão da farinha do peito
a floresta de aromas floriu borboletas
e tudo se abriu num luar violeta
abra os olhos, veja
que as nuvens tem mais muito mais pra contar
desmaterializar, chuviagem trovejante
num relâmpago fantasma
luminosa tez de susto
vou molhar meus cabelos, vou dobrar meus desenhos
vou levá-los no bolso da camisa entreaberta
e vou dá-los à moça das jasmins rabiscadas
que cores farão primavera em seus ombros?
o lábio sentiu o carinho do lábio
apenas palavras maltratam sereno
se quiseres, ver, se te abrires vendo
como abrir a boca e deixar o canto
vir dos quatro cantos encantar suas roupas
e a manhã dizendo que a noite mentira
ela é tão fantástica, ela é tão mais viva
ela tem acordes de tocar mil liras
e o laranja em fogo sobre la ciudad
inundante luz nas masmorras de ferro
ao que todos erguem seus corpos cansados
vão descendo os morros pra morrer o dia...

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