quinta-feira, 15 de julho de 2010

Os Anjos

Céu. Céu! Pequena morte
no paraíso. Vi os vitrais
quebrarem e os anjos da paz
fugirem rindo - torpes
de amar seu deus.

Arcanjos sob os arcos
das pontes. Os vi orando,
as mãos unidas ante os lábios
e as faíscas da fé brilhando
em suas frontes.

Vi as auréolas luzindo!
Flores azuis de fumaça
desabrochadas dos cachimbos
pairavam com muita graça
sobre as cabeças em transe.

Os pequenos serafins
de frágeis mãos estendidas
tinham asas retorcidas
e piedade sem fim
da humanidade descrente.

Nas sombras da catedral
ouço a harpa dedilhada...
Outra hóstia foi tragada
pelo vulto angelical
que agora recebe as bençãos.

Após a última prece
o anjo retira as vestes,
se cobre com as asas
de abutre e volta pra casa
celeste.

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