quinta-feira, 15 de julho de 2010

Serviço Militar Obrigatório

O vento sempre morde a ponta das bandeiras e arranca os fios desfeitos
deixando o farrapo sujo chacoalhando nas nuvens, infeliz de dar risada.
Ninguém se comoveu do trapo tremulante e o mastro já engasta seis
enfeites de ferrugem e atiça a cobiça de alguns que sobrevivem do ferro
da sucata da lata. Brilham estrelas depois da bandeira a verdadeira
estrela inflama a flâmula e faz cinzas do auriverde a verdadeira estrela
tem mil pontas desordeiras tem protesto é um protesto contra tudo é o
fim do medo. Postura ereta baqueta histérica mão no peito a fronte séria
Pelotão! Fuzilamento! Canta o hino verborrento sob o quepe do sargento
três mentiras numa estrofe e alguém se agita e grita - toquem a lira
suburbana! Geme o couro do tambor tambor geme rindo o tambor tambor
rindoritmo tambor tambor tambor tambor Dançam maracatu sobre os coturnos
o surdo emudece a trompa e a bateria acompanha empenhada o toar da
zuada tambor tambor tambor tambor tambor... A poesia é minha pátria!

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