quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Coral de Assobios


.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
Quis fazer uma balada simples
e bonita como um assobio
Rústica e forte, pintura
rupestre de caverna esquecida
Feita ao fogo que alenta
e repele a pantera das sombras
Clara como o espelho claro
que mira o céu. Despropositada
como a conversa de varanda
dos velhos mas que não
fosse vã, apesar do vazio
entreversos. Nua, vestida
tão só de humildade e dessa
caligarafia infantil
Pensei uma aurora verde
em pássaros ruivos e casas
lunares. Pensei um rio que
deslizasse livre, um coração
feliz de árvore, uma flor
errante entre terrenos
baldios. Mas não há palavra
minha que traduza esses
silêncios - sereno de noitinha
amena, chaleira a sussurrar
vapor de menta como um beijo
fresco, afresco de capela
branca, minha balada amada
tão pobre, sem flâmula
sem hino e sem forma - feito
pano de veleiro ao vento
ou a dança de uma vela acesa

Nenhum comentário:

Postar um comentário