quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Crescente

A grama estava ruiva, entardecia bem quente. Ele sorriu quando viu os pássaros embaralhando as asas no caminho do Sol, depois entristeceu porque estavam atrasados, o Sol já evaporava. Não sabia se o vento que bagunçava a franja era o mesmo dos assobios, desconfiava que não, um vento era músico e o outro palhaço. Assim mesmo gostava do vento e queria ventar nele, só pra retribuir o carinho. Queria adivinhar onde no céu ia nascer a primeira estrela, mas olhou pra cima e já estava lá a pequena vermelha, vermelhinha. Foi, foi, sentindo o cheiro da noite que era igual ao da tarde, só que mais escuro e tropeçou num galho - com duas ramas e sete folhas - empunhou tal espada e ergueu, acima da cabeça, agora cavaleiro. Não sabia nada de elmos e almas nobres dos contos antigos, então cavalgava na relva seu cavalo sem corpo. Tinha o peito desnudo, os sentidos despertos. Viu na casca preta do besouro uma armadura cromada, noturno diamante. Depois do deserto, seguiu adiante cortando o riacho, os pés descalços nadando entre os peixes de prata, viu as pedras do fundo de todas as cores, as conchas e o musgo, haviam diluído um arco-íris. Não tinha inimigo o guerreiro da espada invencível, agitou sua adaga contra a macieira e apanhou um fruto, troféu mais gostoso. Mijou nas estrelas e acertou as flores. Porque só as borboletas voavam sem sentido? Correu pra qualquer lado e depois pra todos. Então percebeu, as estrelas morriam, porque deus permitia? Ia lutar contra deus, que deixava morrer seus fihos e amanheceu. Ele tenta incendiar sua espada no fogo da aurora!

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