quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Letra Vermelha

Na cama de vagalumes
a noite explode a janela
e sacode as cortinas
Ela tem olhos de espelho
neles cabem o céu vermelho
mas eu não me vejo

Dedilho versos nos fios fictícios
do seu sorriso
São seis sentidos, seis sons
A carícia suspira e o peito arfante
abriga um coração em transe
As visões irradiam dos caracóis
dourados, mil setas de luz
E a voz inunda o corpo sem cor
do vento e invade o ouvido
feito ferro líquido
Os poros dilatam na pele fervente
sua bruma se espalha lenta
A fruta de polpa exposta
geme quando toca a língua rouge

Imaginar toda a cena - de luz e poema
as palavras surgem e queimam
cauterizando na carne, no pergaminho
de pele, serão só versos os versos?
Ou tatuagens na alma ou expressões
do semblante ou criaturas de sonho
transfiguradas em música...

Disseram que fazer poesia
é prender um raio numa fotografia
Quanto a mim, vou devorar relâmpagos!

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