quinta-feira, 21 de outubro de 2010

A Mulher e os Meninos

No internato obscuro
uma cruz expõe deus
seminu e ferido
O menino ajoelha tentando afastar a maldita mulher
de dentro do olhar
As pernas maternas, os dedos das freiras...
Ave-Maria mãe de deus
quem te beijou os lábios teus?

No calor da feira
a explosão de cores
amarelo manga verdor limão
laranja aurora do mamão
vermelha o doce
do morango - prova a polpa
moça, enche a sacola
e sai de saia
pelas tendas mais saborosa
que as frutas...
E os meninos seguindo
seus quadris com lunetas de papel
vão carregar tuas sacolas
depois ganhar um pastel
Mulher que linda sem anel
alguém vai noivar teu rosto
e desfazer-te do véu?

Sob o feitiço do sol
botando fogo na areia
elas estendem lençóis
e mostram-se quase inteiras
Tão pouco pano se vê
e tanta pele dourada
mas cresce o desejo do ventre
e das auréolas rosadas...
Meninos dágua de cor
mesclada entre o castanho
do rio e o vermelho da lava
correm pro mar febril
tentando esfriar suas almas
Que essas mulheres
de tarde - vendo a luz
cair chapada,
dão pra si a liberdade
de deitar vestindo nada
Querem ter a cor da tarde!

Menino reza, menino chora
e vai embora
junto com as ondas
Menino morre, menino corre
e come areia e fica tonto
Mulher maldosa
só tua imagem
congela o vento e a paisagem
Tão inocentes eram os meninos...
Era tão tranquila a felicidade...

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