domingo, 24 de outubro de 2010

Pagã

Fogueira atiçada,
cabelos da deusa ruiva
Praia toda de pedra - o mar explode
em prata, uiva

O ritual é antigo
brincar margeando o fogo,
lamber fagulhas!
Ergue o olho fundo,
mergulha a órbita extática
nas nuvens de plasma

Incita a chama contra o ártico!

Animal bruxo
no círculo mestiço
entre filosofia e mito

A vida vive nos ritos!
que as promessas do mundo moderno
são estrelas de pó,
tubarões no aquário!

Ar pra respirar, água pra tomar
alimento e amor...
mas os rostos castanhos se tingem
de carvão e fuligem
tentando devorar ouro.

O corpo do fogo é vário,
também é vário meu corpo
em seus movimentos loucos...
Calor, calor - alimento e amor!

'A renascença das crenças'
canta o mendigo
do fogo, afunda as mãos
na amplidão
estraçalhando ampulhetas...

A chama cospe cometas
os deuses sem cruz sorriem
suas estrelas azuis
eternamente vagando -
ciganos são os astros
e o coração humano!

Então o receio de virgem
hesitação ante o salto
hálito aflito
É que o infinito
às vezes dá vertigem!

Nenhum comentário:

Postar um comentário