A poesia não tem dono
seria muita pretensão
rogar que a mim pertence este poema
Os versinhos andam soltos, quase vivos
se apresentam em forma de problema
e eu, no meu intento criativo
vou solucioná-los num esquema
e quando emplaco torna-se possível
gravá-los numa folha de caderno
tento apanhá-los, se consigo
aliso até que possa inscrevê-los
vencendo o tempo velho e invencível
criando, do efêmero, o eterno
Se tudo é contínuo, indivisível
porque diabos não se explica esse mistério
de recriarmos para sempre as mesmas cenas
(forjadas num passado liquefeito
nos átomos de um tempo já desfeito)
cada vez que forem lidos tais poemas
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